31 de jan. de 2012

Sobre a língua portuguesa

Essa é uma postagem pequena. Nem vai ter imagem. Só vai ter um comentário curto sobre a minha amada língua: a portuguesa.

Estou lendo Memórias Póstumas de Brás Cubas. É um livro incrível! Como não o tinha digerido antes? Como não tinha me maravilhado pela narrativa agradável e encantadora desse escritor tão conhecido por seus textos de altíssima qualidade?

Mesmo ainda estando longe do fim (se bem que o livro é curtinho, o que significa que alcançarei o fim logo), já constatei 3 palavras que me chamaram a atenção. A primeira é "intata" (intacta, atualmente). Quando foi que, no português brasileiro, que tão frequentemente aniquilou as consoantes mudas, a palavra "intata" recebeu um "c"? A palavra me chamou tanto a atenção que quase parei para sublinhá-la. Estando num ônibus, porém, não me foi possível fazê-lo.

Uma segunda palavra também se apoderou de um pedaço importante da minha mente, e dela não quer sair: "minuete". O significado, óbvio dentro do contexto, talvez não seja tão simples quando fora dele; troca-se uma letra, porém, e a magia se torna notável: o leitor não teria dificuldade de perceber o significado da palavra "minueto", teria? Fiquei me perguntando: teria o Machado de Assis traduzido livremente a palavra (tentando dar-lhe um tom aportuguesado) ou seria essa variação a normalmente utilizada naquela época? A resposta não é importante; importante é simplesmente o fato de que a sua sonoridade me agrada.

A terceira palavra, porém, foi a grande motivação da criação dessa postagem. Li "garção" (um jovem rapaz) em seu livro, e foi imediata a constatação de que a tradução seria a mesma de garçom, no francês. Novamente, a dúvida me vêm: seria uma tradução livre? Se era, já não sei -- e talvez nunca chegue a descobrir --, mas é verdade que creio que naquela época o português era mais livre, e mesmo assim mais pomposo, mais belo. Não utilizava deliberadamente palavras de outras línguas, mas traduzindo-as, aportuguesando-as, somava à língua, em vez de dela se desfazer.

Por fim, ressalto que um amigo me comentou que, no livro Dom Casmurro, o mesmo autor (como se algum leitor precisasse que lhe dissesse isso), Machado de Assis, usa "os japões", em vez de "os japoneses". Se era assim que se dizia na época, não sei. Aliás, será que se dizia na época? Afinal, quem é que precisava saber dos japões, num tempo em que a informação corria com a velocidade de uma carroça? Assim, mais uma vez, meio que defendo: possivelmente essa tenha sido a forma como o autor resolveu traduzir.

Era isso... (uma última coisa tenho a dizer: não sei se o leitor agradou-se da postagem. Sei, porém, que eu me agradei. O tom rebuscado da minha escrita -- que nem me parece minha -- aí está em virtude do livro que tenho lido. Adoro esse modo de escrever)

R$

23 de jan. de 2012

As Guerras de Copyright

A coisa está cada vez mais apavorante.

Imagem presente no site do megaupload.com
Se as empresas que aprenderam a ganhar dinheiro através da internet estão mobilizando, através de propaganda em massa, pessoas de todas as idades e de todas as regiões do mundo para lutar pelo direito de ter uma rede livre, e se através de uma internet livre é que foi possível movimentar os ativistas de vários países do Oriente Médio para lutar pela sua "liberdade" (ou por o que quer que eles realmente queiram), ao mesmo tempo, cada vez mais eu temo pelo que será do futuro da internet.

A opinião pública é unânime: quem é que seria contra a internet do jeito que ela é atualmente? Alguém é contra a pirataria desenfreada que corre à solta na internet nos sites de compartilhamento? Se o é, sofre de algum necessidade de realização de justiça alheia e, na minha opinião, tem problemas com a realidade.

Milhões e milhões (e eu arriscaria a dizer bilhões) de pessoas estão pouco se lixando se o episódio de Futurama que passou há 10 anos ainda está coberto por leis de direitos autorais. E provavelmente nunca nem mesmo comprariam um DVD oficial do Futurama se lhes não fosse permitido assistir de graça pela internet. Eu não consigo enxergar como essa poderia ser uma "venda perdida", como as grandes empresas detentoras dos direitos autorais gostam de dizer.

Nos últimos dias, com o objetivo de derrubar uma lei que beneficia as grandes detentoras dos direitos autorais (a SOPA/PIPA), vários sites, como o Google, o 9gag, o LolCats, FailBlog, Wikipedia, Reddit, Know Your Meme, Quick Meme, entre outros, se retiraram do ar (ou colocaram avisos sobre o assunto) numa tentativa de conscientização de o quanto a lei seria capaz de retirar a liberdade na rede. O SOPA/PIPA permitiria a censura de sites que potencialmente pudessem liberar conteúdo pirata na internet. É o Algoritmo do Banqueiro voltado para a internet.

Enquanto grandes empresas tentam a todo o custo diminuir a produção de conteúdo de qualidade e meter goela abaixo somente os seus próprios enlatados sem graça, a gente vê exemplos de produtores independentes dando um show de sofisticação e modernidade, dizendo que "se não pode comprar agora, então pirateia mesmo":

"Pirateie." já disse o criador do MineCraft
Terminado todo o alarde sobre o SOPA e sobre o PIPA, ontem mesmo ouvi falar de um tal de "ACTA", um acordo sobre patentes que seria capaz de impedir inclusive a compra de remédios "piratas" (ou seja, construídos sobre a quebra de alguma patente). PUTA QUE PARIU! Quando é que os governos vão parar de incentivar as grandes empresas e começar a pensar no povo? (eu não conheço ainda o tal do acta, mas duvido que ele não se torne bastante "popular" nos próximos tempos, se ele fizer o que disseram que ele faria no video a que eu assisti)

Por fim, devo logo assistir à seguinte palestra, do fim do ano passado:



Creio que o assunto esteja relacionado a essa guerra, que está recém começando e que logo causará um grande número de movimentações pelo mundo todo em prol da liberdade na internet. Vários sites de compartilhamento de arquivos já estão fechados ou sob restrições no funcionamento. A coisa apertou, e se eu tivesse que julgar, as revoluções no Oriente Médio foram só as primeiras.


(é nessas horas que a gente vê que o LulzSecurity e o Anonymous são na verdade os nossos melhores amigos na luta em prol da liberdade)

R$

10 de jan. de 2012

Desânimo

(Procurei por "ânimo" no Google Imagens e me apareceu um monte de figuras em espanhol O.o)

Espero ter entendido certo (essa frase parece siamesa) (caso alguém não entenda): "Se houvesse mais gente como vós os jornais se veriam em figuras a tratar de baixar o ânimo de cada um".



Ultimamente tenho percebido que ando meio desanimado.

Desanimado não naquele sentido que todo mundo tá acostumado a pensar. Não estou "triste", achando que a vida não valha a pena ou querendo morrer. Estou só desanimado, de acordo com o que a palavra realmente tenta significar: sem ânimo.

Frequentemente, eu planejo coisas. Tento predizer exatamente quantas coisas úteis vou fazer em cada momento da minha vida. Desde que assisti a aquela palestra sobre "Os poderes secretos do tempo" (a qual vai aí embaixo), passei a refletir sobre o quanto sou definitivamente orientado ao futuro. O problema é que ultimamente eu não tenho tido saco pra fazer as coisas que eu defino que farei.



Tem sido frequentemente assim: "amanhã, eu tenho que mandar tal e-mail, e ir a tal lugar, e ler tal texto e assistir a tais videos no youtube [é que eu to com um monte de abas abertas com palestras no youtube que eu gostaria de ver]". O resultado tem sido próximo de "passo o dia na frente da TV... aí vou pra frente do computador e fico 3h lendo posts no Facebook, comentando em posts no 9gag e vendo outros videos totalmente de bobagem no youtube".

Não tenho tido saco pra fazer nada! Só pra ter uma idéia, queria aprender sobre o Vim nessas férias, por exemplo. Nem comecei. Queria ter lido o Guia do Mochileiro das Galáxias 4 nas férias. Nem olhei pra o livro. Queria ter dado uma brincada com a Löve do Lua. Nem baixei ela ainda. Queria ir mais à igreja, até. E a ela tenho ido só pelo compromisso D=


Eu sento na frente do computador pra fazer a coisa e não consigo ter vontade de fazê-la. Até para escrever aqui tem sido um sacrifício.

Para hoje, resolvi fazer uma lista das coisas que tenho que fazer. Essa (escrever no blog) é somente a primeira delas que estou realizando. E já são 16h15 da tarde

Enfim... enfim... tenho andado desanimado. Sinceramente: essa é EXATAMENTE a mesma sensação que tenho quando estou chegando ao fim de um semestre cansativo. Acho que logo deve passar. Espero, ao menos, já que nem Megaman eu tenho tido saco pra jogar.

R$

6 de jan. de 2012

Alemanha [2]

Na falta de uma imagem decente, fiz a minha própria com o GoogleMaps. Aí é onde vou morar =)    
No início de 2011, não tendo conseguido ser selecionado para um programa de intercâmbio entre o Instituto de Informática da UFRGS e a TU Berlim, escrevi uma postagem, comentando sobre o meu conformismo e sobre como tinha planejado e me programado bem antes, esperando o sucesso, mas entendendo que o fracasso seria possível.

Naquele momento, sim, eu fracassei. Os professores, apesar de minhas notas, me colocaram numa posição bem ruim, o que logo concluí que tivesse sido culpa da minha entrevista.

Como já estudava alemão há 4 semestres (e estava começando o quinto semestre), em agosto de 2011 me inscrevi para o processo seletivo de um outro convênio de intercâmbio, firmado, desta vez, entre o Instituto de Informática da UFRGS e as universidades de Kaiserslautern, Stuttgart e Tübingen. Como o número de selecionados no ano anterior tinha sido bastante expressivo (14, dentre os quais 10 foram para Kaiserslautern, a cidade para a qual eu adoraria ir), achei que as minhas chances seriam bastante grandes.

Para a elaboração da carta de apresentação, dessa vez, achei que seria significativamente interessante pedir ajuda para alguém que retiraria os meus horríveis erros de gramática (aqueles mais sutis, que os falantes não nativos demoram mais pra aprender). Por isso, pedi ajuda à minha ex-professora de inglês, Luciana, que fez várias sugestões e deixou a carta bastante "polida".

Resultado: até onde sei, fui o único dos candidatos a ser chamado para uma entrevista pelo seu laboratório. A entrevista foi pelo Skype, totalmente em português. Os entrevistadores eram brasileiros, o que me deu bastante liberdade pra falar o que eu pensasse e demonstrar "quem eu sou" bem (se bem que eu acho que virtualmente a gente sempre demonstra ser bem mais legal do que realmente é).

Por fim, fiquei sabendo do resultado mais ou menos 10 dias antes de todos. Mesmo assim, não fiz "alardes": falei somente aos amigos mais "chegados" nesses primeiros dias, já que tinha medo de sair falando e, de repente, na hora de sair o resultado oficial, o meu nome não aparecer na lista. Felizmente, deu tudo certo: fui selecionado \o/

O que isso significa? No dia 1º de fevereiro de 2012 eu pegarei o vôo para Frankfurt. De lá, pegarei o trem para a Kaiserslautern Hauptbahnhof (a estação de trem de Kaiserslautern) e, de lá, para as minhas novas acomodações na Alemanha, onde deverei permanecer até o fim do mundo (na verdade, até fevereiro do outro ano, mas como o fim do mundo ocorre antes, então não tenho por que me preocupar v_v).

Deverei participar de algum projeto de pesquisa no Laboratório de Sistemas de Tempo Real. O que isso significa? Em termos burocráticos: estudo; em termos populares: trabalho; pra mim: diversão!

Infelizmente, estou tendo uma grande quantidade de gastos por causa da viagem (nenhum incentivo nos é dado pela UFRGS ou qualquer outro órgão) e acomodações e tudo mais. Terei de comprar roupas lá (lembre-se, caro leitor, que chegarei no inverno) -- o povo daqui que já morou lá me sugeriu que comprasse as roupas lá -- e só receberei algum salário (viu como é trabalho? Tem até salário!) a partir do fim do primeiro mês.

Na soma de tudo: estou muito feliz. Essa será uma experiência incrível. Finalmente, serei "adulto", pela primeira vez. Terei de lavar/secar/passar minhas roupas, terei de comprar e preparar minha comida (aliás, um dos meus objetivos era aprender a cozinhar no mínimo algo mais sofisticado do que uma massa, batata, arroz ou um bife), terei minha própria casa (um quarto, com banheiro e uma mini-cozinha), sem ninguém pra me dizer que o chão está sujo, a cama desarrumada ou que a resistência do chuveiro queimou. Serei, enfim, adulto, com responsabilidades, trabalho, nariz próprio. Decidirei quando entrar e quando sair de casa, ou mesmo se vou pra outro lugar. E não terei ninguém para avisar que chegarei mais tarde, ou que já estou em casa desde cedo.

Enfim... será uma experiência muito diferente, muito importante para o meu desenvolvimento como adulto, em minha opinião. Estou ansioso...

Era isso =)

R$

1 de jan. de 2012

Reativando

O leitor assíduo -- claramente incomum -- deve ter percebido que esse blog passou os últimos 3 meses de molho. Não cheguei a declarar que isso aconteceria. Não dei satisfações. Não escrevi um post explicando os motivos do sumiço e nem avisando uma temporária desativação. Simplesmente, fiz o que era necessário: parei de escrever.

Esse último semestre foi bem cansativo. Com 7 cadeiras (aliás, que me renderam talvez as melhores notas desde o meu primeiro semestre \o/), uma bolsa de IC e alguns compromissos extra-curriculares (sobre os quais não estou a fim de comentar), passei um bom tanto do semestre correndo dum trabalho para o outro. Era sempre a mesma rotina: ao entregar um trabalho, já passava a ter de me concentrar em um outro.

Finalmente, as férias vieram. Com elas, várias notícias, sobre as quais certamente falarei nas próximas postagens. O importante agora, por essa postagem, é simplesmente afirmar o seguinte: o ano de 2012 será um ano significativamente movimentado nesse blog.


Ao leitor: Feliz 2012! (deixo no video uma daquelas músicas que ficam na cabeça da gente nessa época do ano)

R$