Poems


[versão em Português abaixo]

Yes... I write poems. Randomly. Sometimes because I simply woke up with an idea in my mind, or sometimes because I am feeling melancholic. Sometimes even only to try some concept. The reasons vary and I may stay long periods without having any new poem. I generally like the results, however, and that is why I decided to create this page with a list of them. There is only one drawback (for the non-Portuguese speaker, I mean): they are written in Portuguese. I would for sure be happy if any nice translator would be willing to provide well-crafted translations, however =)

Since most poems were published in old blog posts, I will link the blog posts in which they were created too -- so the reader can take a look at the context around which they came into existence.

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[version in English above]

Sim... eu escrevo poemas. Aleatoriamente. Às vezes porque eu simplesmente acordei com uma idéia em mente, ou às vezes porque to me sentindo melancólico. Às vezes inclusive só pra testar algum conceito. Os motivos variam e eu posso passar longos períodos sem escrever nenhum poema novo. Eu geralmente gosto dos resultados, porém, e 'e por isso que eu decidi criar essa página com uma lista dos meus poemas. Só tem um porém (pro não-falante de Português, pelo menos): eles são escritos em Português. Ficaria certamente feliz se algum tradutor legal estivesse a fim de prover traduções bem feitas, contudo =)

Já que a maior parte dos poemas foram publicados em postagens antigas do blog, eu vou linká-las -- pra que o leitor possa dar uma olhada no contexto em torno do qual eles foram trazidos à existência.




Você sabe o que é recursão?
Não?
Esquece, então.
...
Então tá. Vou lhe explicar.
Um exemplo vou lhe mostrar.

Imagine um poema de um leitor
que, assim como você, meu senhor,
um poema dos que em ônibus vemos
lesse atenciosamente, retido.
Olha! Dessa história toda temos
um nível de recursão descido.
Um nível a mais teria se ido
se, no poema do nosso leitor,
contasse a história de um outro senhor
que um outro desses nossos poemas,
por acaso também tivesse lido.

Tomara que tenha entendido;
se não, não tem problema:
quem gosta dessas teorias
(na minha opinião, eu diria)
é somente doido varrido
da matemática ou engenharia
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Da janela do meu quarto

Da janela do meu quarto,
vejo um monte de gente,
e o McDonnald's, ali em frente,
com seus muitos clientes,
gastando de seus salários,
pagando aos funcionários,
quantia alta, e cientes
de que estão estragando seus dentes O.o
... (to sem rima, povo exigente ¬¬)

Da janela do meu quarto,
vejo o Guaíba, azulado;
e, às vezes, escurecido,
em dia de tempo fechado.
Vejo os barcos, enegrecidos,
e os prédios, poluídos.

Da janela do meu quarto,
vejo os aviões, a pousar
e um escrito a declarar
"SIMONE EU TE AMO" O.o
Às vezes fico a pensar
se a Simone de quem falamos
ainda aqui está a morar

Da janela do meu quarto,
...
Percebo eu que tardo,
na janela do meu quarto...
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Se é pra ter poema
Sem musicalidade
Aqui está o meu
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Rinite
(usando o template de Debussy, de Manuel Bandeira)

Atchim, atchum...
Atchim, atchum...
Estou atacado da rinite
Atchim, atchum...
Atchim, atchum...
Ainda bem que não é sinusite
(espirro sem parar...)
E que não posso mais ter amidalite
Passo a usar o remédio direito
Atchim, atchum...
Atchim, ...
O remédio fez efeito 

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Extremamente cansado,
totalmente ligado...

Algo de que o café
(sabe como é)
só pode ser culpado.

É verdade, porém
que o réu também cúmplices tem:
e à cabeça agora me vem
chocolate, maçã e mate.

E pra terminar esse poema
vou-me dormir que pra amanhã tem tema.

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Teste-Poema

Monto agora um poema
com um algoritmo um tanto
estranho! É um esquema:
em cada verso que canto,
ao fim de cada lema,
procuro, de um certo espanto,
com "anto" ou "ema" o tema
(deste poema o emblema)
delinear; e me encanto
que pra resolver o problema
bastou um macete santo:
criei uma lista suprema,
com "quanto", "manto", "acalanto",
"efizema", "ipanema", "itapema",
e pensando esforcei-me enquanto
resolvia o maldito dilema
(até que difícil, no entanto)
de montar este teste-poema.

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De raiva, sem sono

4h30 da manhã e eu acordado.
Meu irmão bem roncando, desgraça! Viado!
Diabo é o mosquito, que tão pequenito
me enerva, me assola, ô bicho maldito!

E assim vou ficando, sem poder dormir.
Se acordo agora, então vou cair
no bus, na escola, na aula, em frente
ao professor descrente de que tão facilmente
meu sono -- que em meio à sua companhia
se mostra sem freio [pra minha agonia] --
eu perca (ou nem ache) pra minha aflição,
até mesmo quando sem causa ou razão.
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Beleza

Pequena, sublime, serena, suprema beleza,
que passa cantante e vibrante por mim devagar.
Se vira depressa e me mira, pra minha surpresa,
com seus olhos lindos, sorrindo que encantam olhar.

Amável, inacreditável, notável realeza,
que à mesa sua delicadeza só faz aumentar.
Transforma sua volta de forma que aqui sua grandeza
os olhos de todos, que olham, possam atestar

Bondosa, tão maravilhosa, de infinda nobreza,
e fundos seus olhos em mundos me faz caminhar,
e fere o meu peito que se enche em despeito e tristeza,
e almeja bem mais que a beleza tão só contemplar.

Sujeito-me agora à ausência de sua beleza.
Meu peito precisa em urgência seu pranto curar.
Direito não tinha a violência de sua frieza
o efeito de minha existência assim arruinar.
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Sem paz, permanece o menino,
em vão, nem insano nem são.
Sem ânimo ou fé, pequenino,
sem mimo, ao relento, sem chão.

Com tantas perguntas em mente,
confuso, ao léu, sem resposta.
Bem mal, no momento, se sente,
no tempo está sua aposta.

Não sabe se aquilo que vê
entende de forma correta;
lhe cabe, compreende, escolher

(assim desistente sem meta)
sozinho o caminho a correr.
Melhor já se sente, poeta.
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Adulto

O tempo vai passando... com ele, a gente,
sem dúvida que, quando, no porvir,
nem mais banal, nem mais adolescente
for, já seguro então vai se sentir.

Um dia então percebe estranhamente,
que adulto o é, porém, sem perceber-
se diferente do seu eu recente.
Entende: terminou-se o adolescer.

Mas aonde foi aquela segurança
que os pais passavam quando era criança,
que víamos adultos sempre ter?

Parece que não é como se pensa,
que à diferença adulto não pertença
... ou o é e eu que adulto não sei ser?


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Oh Lua

A Lua há tempo já não
está.
A Lua tentei em vão
tocar.
Já a Lua dessa oração
não há.
Na Lua meu coração
mora.

À Lua humilde canção
criei.
Pagão, meus versos, então
cantei.
"Oh dou-te o meu coração:
Contigo sempre estarei!"
bradei e com distinção
falhei.

No peito a bondade vou
guardar
dos tempos em que deixou-se
estar.
Daquilo que me ensinou,
sem nada, pois, me cobrar,
a Lua, que, há tempo, já
(dizendo que forte sou)
partiu e só me deixou
silêncio, pois se ausentou.
Passou, ja foi, se ocultou
no mar.

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The Body Bazaar

This place a body bazaar seems to me
And everybody's body is for everyone to see
The bodies come from anybody's lands
From Italy, Spain, Indonesia, India or Netherlands
Available is a list of all the pieces
The length of the catalogue never ceases: only increases!
There are arms, legs, chests, necks, feet
And anyone who sees this gets soon out of his own wits
If there's a piece that is not very great
The customers are unforgiving and simply won't take
They are there also for theirs to sell
and those that have more value do create their own cartel
Those with a decent face are worth more
And customers in general tend the faceless to ignore
The bodies that are best are quickly boughten
This leading to some bodies left rotten, never gotten
And I myself a body want to buy
There are a set of features, though, I need it to comply
[And is this one a good place after all?
Don't know! Who knows? I don't think so: it isn't, all in all...]

-- And why are you from home thus this far?
-- I'm just another body in this damn body bazaar...